quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Fábula de um arquiteto

Aos meus queridos amigos arquitetos... sonhadores... como Eu

Faço parte de um grupo de discussão sobre a real necessidade de condomínios fechados, e como não negá-los ao mercado imobiliário.
Realidade brasileira!
Essa Fábula de um arquiteto vem de encontro, poeticamente se falando ao que tanto conversamos.


João Cabral de Melo Neto
Fábula de um arquiteto.
In: Obra Completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A arquitetura é como construir portas
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

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